18 de setembro de 2010

Ainda tenho 3 horas



Às vezes me pego reclamando da vida. Dos dias, do trabalho, das aventuras. Não vejo mais as alegrias, elas ficam meio perdidas entre tantas adversidades.

Sonho limitado, pensando nas dificuldades. Busco timidamente, tentando ter menos frustrações. E por fim... não me realizo, relembrando como em djavu inacabável os tropeços do caminho.

Parei de beber. Não amo mais. Se faz sol ou se chove, nem me interessa mais. Nas rimas que um dia lia em busca de versos de amor. Leio buscando linhas que deem vazão ao que não sou.

O estresse do dia não deixa neurônios saudáveis para aproveitar as boas companhias. O meu cérebro já meio deficiente não tem mais espaço para tanta nova informação. Tive que deletar algumas delas. -Como me chamo mesmo? E também tive que NÃO guardar algumas coisas. -Não lembro se ontem meu bem disse que me amava.

Quem eu sou? Eh... Quem eu sou? O que eu quero?

-Talvez eu tenha escrito em algum lugar. Se um dia eu encontrar te respondo.
É difícil saber tanta coisa, já não chega ter que lembrar que PI é igual a 3,14.

-Para que serve PI? Não sei, mas sei quanto vale.

Chega desse assunto. Cansei. Vou desligar a TV, não sei nem o que estava passando.

-Além do mais tenho que ir dormir, pois só me restam 3 horas até começar tudo de novo.


Não se fala mais de amor


Quando passam as tempestades

Quando findam-se as tardes
Quando pensa-se em salvar o amor
Já morreu até a amizade

Não se compartilham mais os problemas
Nem há tempo para dividir alegrias
Quando acaba o desejo sexual
Vê-se que há muito só restou monotonia

Não há mais encantamento
Não é mais assim que se ama
Tudo acaba na internet
Mas o meio termo é a cama

Não existe mais eternidade
Nem a tampa de cada panela
Ninguém se entrega mais
Pois só restou o medo da queda